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Em ritual celebrado pelos Praiás, livro sobre saberes e fazeres nas Escolas Indígenas Pankararu é lançado no Terreiro do Poente

Em meio a um ritual de agradecimento celebrado pelos encantados do povo Pankararu, os Praiás, foi lançado, na tarde desta terça-feira (10), no Terreiro do Poente, o livro “Memórias e vivências: saberes e fazeres nas Escolas Indígenas Pankararu”. A cerimônia contou com as presenças das professoras e professores indígenas participantes da Ação “Saberes nas Escolas Indígenas Pankararu”, que resultou na publicação da obra organizada pelas docentes do IF Sertão-PE, Edivania Granja e Socorro Tavares. Estiverem presentes ainda a reitora do Instituto, Leopoldina Veras, o professor do campus Floresta e coordenador de polo, João Luiz Silva, o professor Geraldo Vieira e estudantes do campus Petrolina. 

No mesmo dia do lançamento do livro, foram realizadas as formaturas de crianças, jovens e adultos Pankararus

Composto pelas narrativas de professoras indígenas e sequências didáticas construídas durante as práticas metodológicas que aconteceram, entre os meses de junho e dezembro do ano passado, nas Escolas Pankararu e nos campi Petrolina e Floresta do IF Sertão-PE, o livro foi batizado pelos Praiás no espaço sagrado da ciência Pankararu. “Nossos Praiás são a nossa base. É a essência da nossa cultura. Sem eles, não seríamos indígenas, não teríamos a nossa terra e o reconhecimento étnico que temos hoje. Então, por isso, não poderia ficar de fora. O lançamento do livro foi uma vitória e tinha que ser batizado pelos Praiás aqui no terreiro”, destacou a orientadora do Programa Ação Saberes Indígenas na Escola e representante do povo Pankararu na Comissão de Professores Indígenas de Pernambuco (Copipe), Rita de Cássia dos Santos. 

Segundo ela, a organização dos relatos de experiências educativas do povo Pankararu na obra pode alavancar os saberes indígenas nas escolas. “O livro vem dar visibilidade à nossa prática dentro da educação, ajudando no fortalecimento da nossa cultura, dos nossos valores, da reafirmação da nossa identidade étnica e do ser indígena Pankararu”, afirmou. Para a estudante do curso de especialização em Educação Intercultural do campus Floresta e professora indígena participante do Programa, Jacielma Monteiro, além de servir como material didático para as escolas Pankararus, o livro também pode romper o estigma da educação escolar indígena para o público não indígena. “Esse livro vem quebrar a ideia errada que algumas pessoas têm de que aqui na escola a gente só canta toré. Para mim, é muito gratificante”. 

As professoras Pankararus receberam os exemplares do livro das mãos dos Praiás

Gratificação também partilhada pela professora formadora do Programa Ação Saberes Indígenas na Escola e atual pró-reitora de Ensino do IF Sertão-PE, Socorro Tavares. Autora, em co-autoria com a professora Edivania Granja, de dois capítulos do livro, sobre saberes na Educação Escolar Pankararu e sequências didáticas, ela foi responsável por intercambiar o conhecimento Pankararu com práticas de ensino que facilitassem o desenvolvimento de atividades de letramento e numeramento na educação infantil indígena. Docente de disciplinas de formação pedagógica no campus Petrolina, Socorro Tavares trouxe em 2018 a turma de Práticas de Ensino 4 do curso de Licenciatura em Química para uma vivência diferenciada com professoras Pankararus. 

Entre os licenciandos em Química que participaram do intercâmbio de saberes, estava Renato Paixão. Presente à entrega do livro “Memórias e vivências: saberes e fazeres nas Escolas Indígenas Pankararu”, ele recordou aquele que foi o seu primeiro contato com povos indígenas. “Foram dois momentos. Primeiro, fizemos a dinâmica de recontar a história a partir do que haviam nos contado e, no segundo momento, trouxemos materiais alternativos e de fácil acesso para a confecção de jogos. A partir da convivência, pudemos entender o outro lado da moeda, diretamente da fonte, e mudou totalmente a visão que a gente tinha sobre os indígenas. Para a formação como professor, contribui principalmente na forma de compreender a diversidade cultural de cada aluno”, afirmou. 

As atividades do Programa Ação Saberes Indígenas na Escola ocorreram durante os meses de junho e dezembro de 2018

A formação recíproca resultante das trocas de saberes entre estudantes e professores de instituições públicas de educação superior e educandos e educadores indígenas é uma das marcas do Programa Ação Saberes Indígenas na Escola, iniciativa criada em 2013 pelo Ministério da Educação para oferecer a formação bilíngue ou multilíngue em letramento e numeramento em línguas indígenas e em português, conhecimentos e artes verbais indígenas. “A ideia do Programa é a instituição levar metodologias do universo não indígena para que as professoras indígenas façam a interculturalidade. Na verdade, a gente vai com essas práticas metodológicas e a gente volta com um aparato de aprendizagem indígena. É uma troca de educação intercultural muito legal”, ressaltou a professora Edivania. 

Estudantes do IF Sertão-PE participaram da cerimônia de entrega dos livros e lembranças às professoras das escolas Pankararus 

É também uma oportunidade de aprofundar o processo de interiorização do ensino, fazendo com que as ações do Instituto atinjam todas as comunidades sertanejas, indígenas e quilombolas, como destacou a reitora Leopoldina Veras, revisora do livro e autora de um capítulo sobre a implantação do Programa Ação Saberes Indígenas na Escola. “Uma iniciativa dessa já traz um resultado muito significativo, porque a gente percebe o papel social que temos a cumprir. A gente tem mais é que fazer o papel institucional e ir em busca de oportunizar que as pessoas tenham acesso à formação”, afirmou a reitora. 

Comunidade acadêmica do IF Sertão-PE, professoras e representantes do povo Pankararu

O IF Sertão-PE faz parte da Rede Nordeste de articulação dos saberes indígenas, com o Instituto Federal da Bahia (IFBA) e o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), sob a coordenação geral da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). A perspectiva, para o próximo ano, é que as atividades do Programa Ação Saberes Indígenas na Escola sejam retomadas. É, como afirma a professora Edivania, a esperança de que as políticas públicas educacionais continuem chegando nos territórios indígenas. Para o povo Pankararu, é a oportunidade de novos batizados, encontros, reconhecimentos e vitórias, com as presenças dos Praiás no berço sagrado e ancestral da ciência originária.

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