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Mulheres na ciência: exemplos de pesquisadoras, seus desafios e conquistas

Oito de Março. Dia Internacional da Mulher. Dia de celebrar conquistas, reafirmar lutas, a busca pela garantia de direitos e de respeito ao espaço que cada uma decide ocupar.

No Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE), muitas mulheres escolheram trilhar o caminho da ciência, espaço que vem sendo gradativamente ocupado por elas. No Brasil, de acordo com o CNPq, as mulheres constituem 43,7% das pesquisadoras. Neste dia, apresentamos a trajetória de três mulheres que se dedicam à ciência, que ajudam a construir e difundir conhecimento no seu dia a dia, e ao mesmo tempo dedicam-se aos filhos e a inúmeras atividades demandadas pela correria cotidiana.

Maria Lair Sabóia, Ana Elisa Oliveira e Andréa Nunes. Em comum, o interesse pelas ciências ainda na infância/ adolescência e uma vida de dedicação aos estudos, em aprender, compartilhar e construir saberes. Em comum, também, o apoio da família e a inspiração despertada pelos pais, sempre incentivadores.

Maria Lair

Maria Lair Sabóia é Bacharela em Química pela Universidade Federal do Ceará, Mestra em Química Orgânica e Doutora em Ciências pela UNICAMP, professora do campus Salgueiro desde 2022. “O apoio e incentivo familiar sempre estiveram presentes e isso faz muita diferença para uma mulher que quer construir uma carreira científica. Na sociedade em que vivemos hoje, ouso afirmar que somos beneficiadas quando temos apoio incondicional da família, da rede de apoio”, declarou.

Com uma carreira marcada por publicações de artigos, inclusive em revistas internacionais de relevância, livros e capítulos acadêmicos, Maria Lair considera uma vitória para as mulheres cientistas a possibilidade de colocar a licença maternidade no Currículo Lattes. “Ela é parte de nós e precisa ser considerada, além de contribuir diretamente na formação da nova profissional que está voltando ao trabalho. Porque sofremos uma transformação enorme durante a maternidade. Para mim, a maternidade tornou-me uma profissional melhor, mais completa. Sinto que tenho mais empatia, cuidado, zelo e amor pelo que faço, porque vejo meu filho como parte da sociedade que receberá um fruto do meu trabalho”. Inclusive, foi a maternidade que a despertou para a literatura infantil e infantojuvenil, tendo em seu filho, Mathias, a inspiração para a escrita.

No campus Salgueiro, Maria Lair desenvolve pesquisas voltadas ao neurodivergente. Como fruto de um projeto desenvolvido no IFSertãoPE, além do artigo “O autismo no Ensino de Química brasileiro: uma reflexão”, será publicado ainda este ano, pela Editora do IFSertãoPE, o livro “Conceitos básicos de cinética química numa abordagem inclusiva”, fruto do projeto “Confecção de jogos virtuais direcionados ao ensino da cinética química: uma proposta inclusiva para alunos autistas”. “Hoje, posso dizer que a professora, a mãe, a pesquisadora e a mulher são partes insubstituíveis de mim. Tenho muito orgulho da minha trajetória e de tudo o que aprendi. E eu desejo, profundamente, que mais mulheres tenham tanto apoio quanto tenham vontade de vencer. Nos deem um pouco mais de tempo e apoio e nós mulheres seremos ainda maiores do que já somos”.

CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

A professora e pesquisadora Ana Elisa Oliveira dos Santos vê na possibilidade de contribuição com a sociedade a principal razão de seus trabalhos científicos. Servidora do campus Petrolina Zona Rural do IFSertãoPE desde 2006, onde ministra aulas para os Cursos de Agronomia, Agricultura e Pós-colheita de Produtos Hortifrutícolas, Ana Elisa é engenheira agrônoma (UFBA), mestre em Engenharia Agrícola (UFV) e doutora em Fitotecnia (UFERSA).

Ana Elisa

“A escolha da minha profissão veio pelo amor às plantas e aos animais e por crescer acompanhando as atividades de meus pais, pai agrônomo e mãe professora, que sempre foram meus maiores incentivadores”, afirmou.

Segundo Ana Elisa, sua vida acadêmica foi sempre voltada à busca pelo conhecimento e por resultados que contribuíssem, de alguma forma, para a sociedade. Nesse sentido, desenvolve trabalhos com revestimentos comestíveis e embalagens plásticas, na conservação pós-colheita de produtos vegetais, tanto “in natura” como minimamente processados, com resultados já divulgados em meios de comunicação acadêmica e outros ainda em andamento.

Atualmente, além de professora, pesquisadora e extensionista nas áreas de Fisiologia e Manejo Pós-colheita, Tecnologia de Sementes e Olericultura, Ana Elisa também coordena o curso de Pós-graduação em Pós-colheita de Produtos Hortifrutícolas. “A Ciência e o Ensino sempre foram minhas paixões. Além de profissional, sou mãe e mulher e enfrento desafios diários para conciliar minhas atividades. Com dedicação e amor sigo realizada com as minhas conquistas”, declarou.

DESAFIOS

Professora do campus Petrolina Zona Rural do IFSertãoPE há 20 anos, Andréa Nunes sempre teve a ciência como parte de sua vida. Graduada em Agronomia, mestre e doutora em Entomologia Agrícola (UFRPE), despertou o gosto pelas ciências exatas ainda na infância, tendo o pai, um leitor assíduo, a mãe professora e o tio engenheiro como maiores inspirações.

Andréa conta que enfrentou desafios ao cursar Agronomia, em turmas em que era a única mulher em meio a 40 homens, e que chegou até mesmo a perder oportunidades de trabalho, quando recém-formada, por ser mulher. “Em uma empresa de cana-de-açúcar ficou muito claro na seleção que eles não queriam mulheres. E outra vez, quando fui entregar currículo em empresas, como a Bayer, por exemplo, na época disseram claramente para mim que a empresa não contratava mulheres. Hoje já houve uma mudança em relação a esse processo”.

Andrea Nunes

Ao longo de sua trajetória profissional, a relação com a ciência foi se intensificando. Após dez anos de trabalho na Embrapa, o ingresso no então Cefet Petrolina foi mais um desafio, no sentido de associar a parte prática da pesquisa com sua atividade didática e integrar um movimento pelo desenvolvimento da pesquisa na instituição. “Éramos um grupo de cinco professores. Criamos as normativas, corríamos atrás dos alunos, porque ninguém sabia o que era. Hoje a gente vê a evolução, hoje os alunos vêm atrás da gente. Esse desafio é o que me move. A pesquisa foi sempre a minha alma”, afirma.

Os desafios não pararam por aí. Havia ainda a relação mãe-mulher-ciência. Como equilibrar essa conta? “A nossa responsabilidade familiar é muito grande. Existe o momento de cobrança e você tenta conciliar de alguma forma. Lógico que tem alguma coisa na balança que vai subir mais um pouquinho, que vai descer mais um pouquinho. A gente se cobra bastante. O que não pode acontecer? Se dedicar só a um lado, porque isso vai dar problema lá na frente. A gente tem que aprender essa dosagem”.

Os trabalhos realizados ao longo da carreira como professora e pesquisadora do IFSertãoPE deram resultados significativos, como a publicação de 20 artigos, dois livros e mais de 20 capítulos, além de mais de 100 resumos e 45 trabalhos publicados em anais de eventos, sem mencionar sua participação na coordenação de 43 Projetos de Pesquisa e Inovação, e 17 projetos de Extensão. Para Andréa, o mais necessário para que aumente a participação feminina na ciência é o incentivo. “Os estímulos estão vindo mais hoje, você consegue colocar as meninas nesse mundo (das ciências exatas) que antes era só masculino. Você tem oportunidade de vivenciar, de participar, mas ainda é pouco. Acho que a gente precisa de mais. Hoje a gente já observa, pelos cursos que a gente tem no próprio campus, que esse mundo já está diferente, já temos uma quantidade de mulheres muito maior. A gente precisa incentivar as meninas a gostar, a instigar a curiosidade, a investigação, o questionamento”, declarou.

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